A Companhia Teatro Portátil busca a renovação do teatro de animação, aproximando-o de outras linguagens como a dança e as artes visuais. “2 Números”, o primeiro espetáculo da companhia, estreou em setembro de 2005 e desde então, tem sido apresentado em diversos festivais e mostras de teatro no Brasil e no exterior. 2 Números é resultado de uma pesquisa sobre o teatro de animação contemporâneo, realizada pela companhia Teatro Portátil, com o apoio do Programa de Bolsas Vitae de Artes. O espetáculo, destinado a crianças e adultos de todas as idades, é composto por duas peças curtas, "Cama de Gato" e "De dentro" que se constroem como delicadas coreografias, a partir da música original e da movimentação dos atores animando objetos, máscaras e um pequeno boneco articulado. O interesse e entusiasmo do público e crítica pelo trabalho estimularam a companhia Teatro Portátil a produzir, com patrocínio do Banco do Brasil, um novo espetáculo - "As Coisas".



Crítica do espetáculo Äs Coisas"publicada no site do CEPETIN - Centro de Pesquisa e Estudo do Teatro Infantojuvenil


As Coisas.

A contemporaneidade do teatro infantil.


A criança contemporânea é dinâmica, domina computadores, câmeras digitais, celulares de última geração, Ipods e toda a parafernália tecnológica que nos cerca. Para não se tornar “coisa do passado”, o teatro infantil e juvenil precisa acompanhar esse dinamismo dos novos tempos, pois a criança contemporânea ágil e dinâmica necessita de tramas e jogos que dialoguem com as necessidades de seu tempo. Assim, o espetáculo As Coisas inspirado no livro de Arnaldo Antunes e dirigido por Alexandre Boccanera acerta em cheio, a Companhia Teatro Portátil faz uma perfeita mistura de realidade-fantasia, contação de história, música, multimídia e muita informação para os pequeninos. O que torna o espetáculo dinâmico e interativo. A primeira sensação que se tem ao entrar no teatro e olhar para o palco, e a de se estar entrando numa caixa de lápis de cor ou numa caixa de brinquedos. O colorido do cenário, feito com simplicidade por bóias de hidroginástica, chamadas de macarrão, causam um efeito muito bonito ao serem iluminadas e convidam o público, pais e filhos para o imaginário do espetáculo. Em alguns momentos o excesso de luz branca tira um pouco o clima de certas cenas, talvez uma luz mais colorida envolvesse mais cena e público.


A opção de dispor todos os objetos cenográficos no palco, cria uma certa intimidade e cumplicidade com o público, sem com isso prejudicar o desenrolar do espetáculo. Uma vez que se transformam em várias “coisas” diante de nossos olhos, reaproveitando materiais simples como: pedaços de tampa de refrigerante, restos de brinquedos e outros pedaços. Tudo muito colorido que com a ajuda de um retroprojetor e uma câmera de filmar portátil se transformam em poesia. O figurino, também simples, lembra a fase escolar que todos temos de desenhar e escrever poesias nas folhas dos cadernos. O que no palco, reflete em bonitos movimentos, nos momentos em que os atores cantam e dançam. O desempenho dos atores em cena demonstra entrosamento entre o elenco é um total domínio do espaço cênico.


Representam, cantam, dançam, tocam instrumentos e manipulam equipamentos de multimídia com destreza e leveza, conferindo unidade ao espetáculo e consequentemente na participação maciça das crianças. Destaque em especial para a atriz Flávia Reis que juntamente com Julia Schaeffer, manipulam a Boneca Já, de forma tão sublime, que esta parece ter vida própria. Dá até vontade de levar a boneca para casa. As músicas também são um ponto forte do espetáculo, as crianças vibram bastante. O único problema é o som dos instrumentos, muito alto, que acaba abafando as vozes dos atores. O excesso de fumaça também prejudica em alguns momentos a visualização do telão. Nada que interfira nas COISAS, MUITAS COISAS.... Belas do espetáculo.


Gláucia Santos

Produtora Cultural e Especialista em teatro infantil e juvenil.

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