DE CARA NOVA!
Em Curitiba!
Crítica do espetáculo Äs Coisas"publicada no site do CEPETIN - Centro de Pesquisa e Estudo do Teatro Infantojuvenil

As Coisas.
A contemporaneidade do teatro infantil.
A criança contemporânea é dinâmica, domina computadores, câmeras digitais, celulares de última geração, Ipods e toda a parafernália tecnológica que nos cerca. Para não se tornar “coisa do passado”, o teatro infantil e juvenil precisa acompanhar esse dinamismo dos novos tempos, pois a criança contemporânea ágil e dinâmica necessita de tramas e jogos que dialoguem com as necessidades de seu tempo. Assim, o espetáculo As Coisas inspirado no livro de Arnaldo Antunes e dirigido por Alexandre Boccanera acerta em cheio, a Companhia Teatro Portátil faz uma perfeita mistura de realidade-fantasia, contação de história, música, multimídia e muita informação para os pequeninos. O que torna o espetáculo dinâmico e interativo. A primeira sensação que se tem ao entrar no teatro e olhar para o palco, e a de se estar entrando numa caixa de lápis de cor ou numa caixa de brinquedos. O colorido do cenário, feito com simplicidade por bóias de hidroginástica, chamadas de macarrão, causam um efeito muito bonito ao serem iluminadas e convidam o público, pais e filhos para o imaginário do espetáculo. Em alguns momentos o excesso de luz branca tira um pouco o clima de certas cenas, talvez uma luz mais colorida envolvesse mais cena e público.
A opção de dispor todos os objetos cenográficos no palco, cria uma certa intimidade e cumplicidade com o público, sem com isso prejudicar o desenrolar do espetáculo. Uma vez que se transformam em várias “coisas” diante de nossos olhos, reaproveitando materiais simples como: pedaços de tampa de refrigerante, restos de brinquedos e outros pedaços. Tudo muito colorido que com a ajuda de um retroprojetor e uma câmera de filmar portátil se transformam em poesia. O figurino, também simples, lembra a fase escolar que todos temos de desenhar e escrever poesias nas folhas dos cadernos. O que no palco, reflete em bonitos movimentos, nos momentos em que os atores cantam e dançam. O desempenho dos atores em cena demonstra entrosamento entre o elenco é um total domínio do espaço cênico.
Representam, cantam, dançam, tocam instrumentos e manipulam equipamentos de multimídia com destreza e leveza, conferindo unidade ao espetáculo e consequentemente na participação maciça das crianças. Destaque em especial para a atriz Flávia Reis que juntamente com Julia Schaeffer, manipulam a Boneca Já, de forma tão sublime, que esta parece ter vida própria. Dá até vontade de levar a boneca para casa. As músicas também são um ponto forte do espetáculo, as crianças vibram bastante. O único problema é o som dos instrumentos, muito alto, que acaba abafando as vozes dos atores. O excesso de fumaça também prejudica em alguns momentos a visualização do telão. Nada que interfira nas COISAS, MUITAS COISAS.... Belas do espetáculo.
Gláucia Santos
Produtora Cultural e Especialista em teatro infantil e juvenil.
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AS COISAS
Sobre no novo espetáculo
As Coisas é um espetáculo de teatro de animação criado pela Companhia Teatro Portátil a partir do livro homônimo de Arnaldo Antunes.
Abre-te cérebro! O livro é uma coleção de poemas que nos fazem refletir sobre o mundo que inventamos através da linguagem.
Luz em cima, cena embaixo. Três atores apresentam textos de Arnaldo Antunes musicados, narrados e encenados com suporte de diferentes da técnicas de animação.
Pequenos objetos de plásticos achados na areia da praia são utilizados em cena para dar forma a figuras que não cabem no teatro – o elefante, o sol, o mar, a árvore, o plantea. As coisas não têm paz.
Duração – 50 min.
Classificação – livre (melhor recomendado para crianças acima de 6 anos)
Depois de viajar por mostras e festivais de teatro no Brasil e exterior, '2 Números' chega a capital Paulista.
De 25 de julho a 23 de agosto
Sábados às 18h e 20h
Domingos as 18h
Local: SESC Avenida Paulista
"2 números" - Sofisticação e simplicidade para todos os públicos
São dois os números, mas a representação começa com um prólogo auto-irônico. Uma cobra, em diálogo impertinente com a atriz, insiste em representar Hamlet, fazendo pouco caso da possibilidade de expressão através de bonecos e formas. O espetáculo segue o prometido anunciando a metalinguagem que vai encontrar variações das mais curiosas: primeiro (“Cama de Gato”), uma sequência de máscaras e depois a exploração, pelos três personagens, de uma corda de algodão que é literalmente trans-formada em uma infinidade de objetos, motivando as situações. O que dá graça e estimula a curiosidade, além do jogo de “monta-desmonta”, é o gosto pela plasticidade dos movimentos, aparentemente aleatórios, mas construídos em um desenho muito rigoroso; e pelo ritmo, que marca a evolução dos gestos em um quadro que visto no conjunto quase emociona: pelo lúdico das figuras que saltam do nada e pela dinâmica tão azeitada e precisa.
O segundo número (“De dentro”) tem eixo narrativo mais firme, em que um boneco articulado, manipulado pelo elenco, sai da caixa para o mundo. Ora acompanhando a trajetória de descobertas dele, ora observando o desempenho dos atores em sua delicada e rigorosa sintonia, a platéia é levada a um estado de suspensão poética comovente - pelo que se pode colher de terno nas duas direções do olhar. Não é que haja ali uma história, em si, comovente. É que há um efeito de suspensão da descrença que nos chega na admiração pelo empenho dos que, a olhos vistos, trabalham para que ele se dê de uma maneira tão inequívoca, direta, simples. (...)